Skip links

Falando um pouco de economia sustentável

Mudança de hábitos de consumo. Maior atenção das ações de consumo e investimento e seus impactos no meio ambiente. Maior apelo por produtos sustentáveis. Inovações produtivas. Formação de novos mercados!
Todos esses elementos são consequências de um maior apresso e atenção da sociedade quanto à escassez de recursos naturais e as mudanças climáticas. A atenção quanto ao ciclo de vida dos produtos; os impactos no micro e no macro ecossistema; cuidados com a destinação de rejeitos e afins são hoje “bens” consumidos e remunerados pela sociedade.
A escolha por canudos de papel ao invés dos de plástico, sacolas plásticas biodegradáveis, uso de fibras vegetais em detrimentos aos hidrocarbonetos são alguns exemplos simples e cotidianos desse mercado sustentável. Essas novas escolhas e usos visam um desempenho ambiental mais eficiente ao longo do tempo de vida útil de um bem.

Toda essa transformação faz parte de um amplo e diversificado mercado sustentável e de tecnologia verde e tem apresentando uma grande expansão. Em 2020, a Allied Market Research dimensionou esse mercado global de produtos sustentáveis em 10,32 bilhões de dólares e as perspectivas de expansão até 2030 são de atingirem 74,64 bilhões de doláres. Nesse grande mercado de tecnologias verdes estão inseridas soluções eco-friendly, que mais do que almeja sustentabilidade ambiental, tem nas questões econômicas e sociais pontos de atenção e destaques.
A ampla gama de produtos sustentáveis abarca várias indústrias e quanto mais complexas for esta atividade econômica, maiores são seus efeitos encadeamento. Neste cenário, a construção civil é um importante player no contexto de sustentabilidade. Abarcando demandas provenientes de expansão populacional, faz-se necessário na indústria da construção ter a preocupação e o envolvimento sustentável com o meio ambiente em um horizonte de tempo amplo.

O destaque da indústria da construção e seus impactos ocorrem nas diversas etapas execução. Segundo a Sinduscon/SP (2012), o volume de resíduos da construção civil gerado é cerca de 0,4 a 0,7/hab.ano e representa 2/3 dos resíduos sólidos dos municípios. A mitigação na geração de resíduos pode começar com um bom projeto de obra, na escolha de produtos que minimizam resíduos na instalação e durante as manutenções.
Simultaneamente à questão dos resíduos sólidos, os líquidos vêm tendo cada vez mais atenção, tanto para sua reutilização quanto no tratamento para descarte. A supressão de tecnologias obsoletas e agressivas ao meio ambiente, como as fossas sépticas, e a adoção de biodigestores e estações de tratamento de efluentes por estabelecimentos comerciais, industriais, condomínios e residências, mostram uma visão moderna e cuidadosa com o meio ambiente. A maior acessibilidade deste tipo de tecnologia vem tornando mais acessível a implementação das ETEs, atendendo às determinações legais e mitigando potenciais passivos ambientais.

O reaproveitamento ou reúso da água de chuvas também é um grande trunfo para residências e estabelecimentos comerciais e industrias. Do ponto de vista econômico, a adoção do reuso de água auxilia na diminuição dos custos com recursos hídricos, tendo em vista que o tempo de retorno do investimento é inversamente proporcional área de captação da água. Sob a ótica urbana e ambiental, o tratamento de água pluvial e seu armazenamento em reservatórios adequados tende a auxiliar na redução da velocidade de escoamento da água e promove o controle da ocorrência de inundação.
Por fim, temos a questão energética das edificações. A busca por espaços de maior conforto térmico, lumínino e acústico expandem o mercado de projetos e produtos sustentáveis. Um melhor bem-estar de moradores ou trabalhadores em edificações mais confortável em todos os aspectos refletem na saúde, qualidade de vida e produtividade dos usuários destes espaços.
O reconhecimento, aperfeiçoamento de técnicas e produtos que levam à construção de edificações-verdes e energeticamente eficientes são de extrema importância. Grupos de estudo como o LabEEE, da UFSC, e o ranking LEED são exemplos da relevância do assunto.

No espectro dos custos, a eficiência térmica e lumínica vão ao encontro da economia energética. A escolha de produtos com tecnologias que favorecem um isolamento térmico, mitigando o uso de ar condicionado e ventiladores, e uso do espaço pensado em potencializar a incidência da luz natural e outros artifícios arquitetônicos que favoreçam a diminuição da luz artificial são as principais estratégias para atingir a sustentabilidade de uma edificação.
Adicionalmente, tem também a relevante preocupação com a questão sonora, sobretudo em ambientes profissionais. O conforto acústico impacta diretamente na concentração e no nível de estresse das pessoas, sobretudo em um ambiente de trabalho, pois afeta o bem-estar, a saúde e produtividade.
Assim, as indústrias têm na adoção de práticas e processos sustentáveis uma maneira de se adequar às mudanças de dinâmica global e otimizar os insumos existentes. A construção civil, com toda a sua complexidade, apresenta diversas soluções que permitem uma adequação das edificações ao universo sustentável, seja por meio de projetos pensados de forma sustentável, seja na utilização de produtos que beneficiam o usuário no tripé da sustentabilidade: Economia, Sociedade e Meio Ambiente.

Prof. Dr. Pablo Miranda Guimarães

Doutor em Economia Aplicada

Leave a comment